Reportagem ELIZA MALISZEWSKI, DE JÚLIO DE CASTILHOS (RS) -Canal RUral www.canalrural.com.br
O Rio Grande do Sul enfrenta novamente uma estiagem nesta safra. São registradas perdas em milho sequeiro, falta de água para os animais e abastecimento de pessoas, baixas no leite e já se notam os primeiros impactos na soja. A situação varia bastante entre as regiões do estado. Na região central e no noroeste gaúcho, produtores mostram que a condição não está fácil para a lida no campo.
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Na propriedade da familia Ceolin, em Tupanciretã, na região central do estado, a imagem da lavoura de cima parece indicar que a palha secando é colheita próxima, mas não é bem assim. No local, estão plantados 167 hectares que renderam espigas pequenas e mal formadas.
“A gente voltou a plantar tem uns cinco anos e já colhemos bem o milho nessas condições, a gente só planta sequeiro”, diz a produtora rural Graciane Ceolin. “No ano passado, já perdemos com a estiagem, mas neste ano está ainda pior”, prossegue a agricultora.
Em alguns casos, as lavouras ficaram sem chuva bem na fase mais critica, que é quando o milho começa o pendoamento e a colocar as espigas. Com isso, todo um plantio é perdido. É palha seca que não serve nem para a alimentação animal. E os dias em determinados pontos do Rio Grande do Sul têm sido assim: quentes e com bastante vento, o que agrava ainda mais a situação da estiagem.
Exemplos do impacto da estiagem no RS
Foto: Canal Rural/reprodução
Muitos meses com o mesmo cenário. No município de Tupanciretã deveria ter chovido uma média de 172 milímetros por mês desde agosto de 2022. A média, contudo, ficou em somente 55 milímetros. Isso fez Eglênio Basso, que nasceu na agropecuária, ter que cortar a silagem mais cedo. “Além da qualidade ser baixa, o volume foi muito baixo. Eu era acostumado a colher 23 toneladas por hectare e hoje deu duas ou três toneladas por hectare”, lamenta o produtor.
Na propriedade de Eglênio, a renda vem das vacas leiteiras. E além da alimentação, outro problema está na água para os animais. Um açude já foi isolado porque só tem lodo e os outros três estão com nível baixo. Para a produção compensar, o produtor precisaria vender o leite a no mínimo R$ 2,80. Hoje, no entanto, o litro sai da fazenda por pouco mais de R$ 2,00.
“Os animais estão muito deficientes, magros e aí temos que suplementar com bastante ração, feno, silagem de baixa qualidade”, diz o produtor rural. “Desanima”, admite Eglênio.
A situação de Tupanciretã
Tupanciretã foi o primeiro município gaúcho a decretar emergência por causa da estiagem desta temporada. E o número de cidades que seguiram o mesmo caminho cresce a cada dia. Com os decretos, as administrações locais podem tomar medidas emergenciais para tentar amenizar as perdas. Além disso, produtores podem acionar o seguro.
“Nós já temos uma perda aproximada de R$ 200 milhões” — Gustavo Herter Terra
“O nosso inverno foi seco. A primavera foi seca e, agora, nós estamos entrando em um verão seco”, diz o prefeito de Tupanciretã, Gustavo Herter Terra (PP). “No ano passado, a estiagem começou em janeiro, quando não tínhamos perdas e depois colecionamos uma perda de aproximadamente R$ 1 bilhão em commodities no município”, prossegue o político. “Hoje, na mesma data do inicio da estiagem do ano passado, nós já temos uma perda aproximada de R$ 200 milhões”, observa o prefeito.
Problema também em Júlio de Castilhos
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