Projeto Reviver utiliza a aplicação de taping em pacientes mastectomizadas no HUSM-UFSM


O Projeto de extensão Reviver (FIEX/CCS/UFSM2023), desenvolvido no Hospital Universitário de Santa Maria, da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vem realizando a colocação de Kinesio Taping (KT), uma técnica que utiliza fitas elásticas adesivas que promovem alívio da dor, redução do edema (inchaço), prevenção de seroma (acúmulo de líquido durante o processo de cicatrização) e equimoses (sangramento no tecido subcutâneo). O taping também auxilia na cicatrização em mulheres que passaram por procedimentos cirúrgicos nas mamas. Desde o início do ano, o Projeto Reviver, que funciona com a participação de voluntários, profissionais e mestrandos, já beneficiou cerca de 20 mulheres, auxiliando na recuperação da saúde física e melhora da autoestima.

Dentre as formas de tratar o câncer de mama está a mastectomia, que consiste na retirada cirúrgica da mama – que pode ser total ou parcial. No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste, como indica o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para cada ano do triênio 2023-2025, foram estimados 73.610 casos novos, representando incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres. Os fatores de risco são a idade acima de 50 anos, além de outros associados a condições hormonais ou reprodutivas, comportamentais, ocupacionais e genéticas.

Muitas dessas mulheres com câncer de mama são atendidas no Ambulatório de Fisioterapia, ligado à Unidade Multiprofissional (UMULTI) do HUSM. No local, também é desenvolvido o Projeto Reviver, criado em 2019, com o objetivo de oferecer assistência transdisciplinar aos pacientes com câncer a nível ambulatorial. O Projeto é coordenado pela fisioterapeuta e docente da UFSM, Hedioneia M. Foletto Pivetta, que se capacitou na aplicação de taping e implantou a novidade no HUSM. A técnica, desenvolvida por Kenzo Kase, no Japão, em 1973, tornou-se mais popular nos últimos anos, na área dos esportes. Também ganhou espaço na área da saúde com diversas possibilidades de aplicações, desde o tratamento da dor até a modulação da espasticidade (alteração do tônus muscular que influencia no movimento) em pacientes neurológicos. Já na saúde da mulher, a técnica está sendo muito usada, por exemplo, em prolapsos pélvicos, incontinência urinária, dismenorreia primária e, recentemente, tornou-se uma estratégia para auxiliar pacientes pós-operatório de mama.

No HUSM, a técnica vem sendo aplica desde maio deste ano, por profissionais ligados ao Projeto Reviver. A aplicação do taping é feita tanto em mastectomias radicais (retirada total da mama), com colocação de próteses ou não, até as cirurgias menos agressivas, como setorectomias (retirada do tumor), com ou sem esvaziamento axilar. “No caso das mulheres pós-mastectomia, utilizamos essa prática no pós-operatório imediato. O ideal é que se faça a aplicação do Tape até quatro horas após a cirurgia para resultados melhores, ou seja, as fisioterapeutas aplicam a fita ainda no Bloco Cirúrgico ou, então, na Sala de Recuperação”, complementa Hedioneia.

Sobre os efeitos terapêuticos da técnica, a fisioterapeuta destaca que variam de acordo com a tensão sobre a fita. Para o alívio da dor, são aplicadas tensões leves que promove elevação da pele diminuindo assim a pressão nos receptores de dor trazendo mais conforto para as pacientes. Esse efeito é potencializado pela melhora da microcirculação, modula as trocas metabólicas e ativa a circulação linfática. O efeito compressivo pode ser angariado com tensões maiores, em que se promove compressão dos tecidos corporais e com isso a reabsorção do excesso de líquidos e proteínas.

“Os dois primeiros efeitos são, de fato, os mecanismos que explicam a atuação do taping e seu benefício para as mulheres que passam pela cirurgia de mastectomia na prevenção das complicações. Colocamos, por meio de uma técnica específica, com o objetivo de modular o processo inflamatório e melhorar as trocas metabólicas. Com isso, ocorre a prevenção da formação do edema de mama, do seroma, das equimoses e, também, da deiscência de sutura (abertura dos pontos pós-operatório), além de promover maior conforto e segurança para a paciente no pós-operatório e melhorar o aspecto/aparência da pele, proporcionando uma recuperação em menor tempo. As mulheres relatam um grande alívio e o número de complicações pós-operatórias têm reduzido significativamente”, explica Hedioneia.

Após a aplicação, a paciente recebe todas as instruções de cuidados com o taping para obter os melhores resultados. O tempo necessário de permanência da fita pode variar de acordo com a recomendação, a evolução do processo de cicatrização e a resposta de cada paciente. No caso do pós-operatório de mama, a revisão das pacientes é realizada geralmente no quarto dia e a retirada integral da fita no sétimo dia após o procedimento.

Sobre a Ebserh

O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Fonte e foto por: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Mariângela Recchia

Chefe da Unidade Regional de Comunicação 16 (HUSM UFSM)