Nova cultivar de azevém tem alto volume de multiplicação de sementes no RS


(Foto: Embrapa/Divulgação)

A cultivar BRS Integração, resultante do Programa de Melhoramento de Azevém da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), está alcançando alto volume de multiplicação de sementes no Rio Grande do Sul. Em Pejuçara, Júlio de Castilhos, Cruz Alta e Tupanciretã, há terras de produção da pastagem que já totalizam 800 hectares.

“O material voltado para produção de forragem está variando entre 7 e 11 toneladas de matéria seca por hectare. Numa média, a produtividade em lavouras é entre 8 e 9 toneladas de forragem por hectare”, explica Andrea Mittelmann, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite que esteve à frente do melhoramento da cultivar.

evido a suas características de ciclo curto, Andrea estima que haverá 20 mil hectares de pastagem com a cultivar, principalmente sucessão com soja. “A BRS Integração tem se mostrado bem aceita no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, no pós-soja, mas é possível também rotacionar com outras culturas, como milho e arroz”, diz. 

A Embrapa licenciou a cultivar em 2019 para a Associação Sul-Brasileira para o Fomento e a Pesquisa de Forrageiras (Sulpasto). Dentre eles, de acordo com Andrea, o maior produtor é a Empresa Sementes Andreola Ltda.

Características

O Programa de Melhoramento do Azevém funciona desde 2002 na Embrapa, mas a BRS Integração foi lançada apenas em 2017. Leonel Andreola, gestor da Empresa Sementes Andreola Ltda, se candidatou como licenciado ao ver as características desta cultivar.

Ele explica que, para os produtores de sementes na região dos municípios de Pejuçara, Júlio de Castilhos, Cruz Alta e Tupanciretã, a época ideal para semeadura é entre meados de maio até metade de junho.

“Já aqueles produtores que querem garantir o pastoreio aos animais, o período de semeadura fica entre meados de março até metade de maio, onde será possível oferecer alimento abundante ao rebanho”, diz.

Bons resultados

A pesquisadora que coordenou o melhoramento da cultivar diz que a variedade tem condições de produzir até setembro, mas, tem capacidade de rebrotar depois do pastejo, a pastagem pode perdurar ainda mais tempo, sendo outubro indicado para produção de sementes.

Com 20 dias a menos de ciclo, a BRS Integração produz 5% mais em comparação à BRS Ponteio, cultivar de ciclo mais longo que atende 60% do mercado brasileiro de azevém.

Segundo Andrea, a precocidade possibilita a ressemeadura natural ou colheita das sementes antes do estabelecimento de culturas de verão, o que indica vocação para o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP).

“Num primeiro momento, o programa atendeu a demanda por cultivares de ciclo mais longo e, depois, passou a atender a demanda do pessoal de ILP com material produtivo e de ciclo curto. A Integração é mais rápida para ser usada, planta vigorosa que vai dar pastejo logo, perfila muito, tolera um pastejo intensivo e é mais produtiva que praticamente todas as cultivares que estão no mercado”

Andrea Mittelmann, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

Além da parceria entre Embrapa Gado de Leite e Sulpasto, a pesquisa contou com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a colaboração das Embrapas Pecuária Sul e Trigo.

Diante deste trabalho em conjunto, Andrea ressalta a importância de utilizar semente certificada. “Tem muito comércio à margem da lei, por isso é essencial utilizar sementes com origem conhecida, pois isso garante a qualidade da semente, que carrega pureza genética e segurança ao desenvolvimento da pastagem”.

Reportagem por: Mariana Grilli Portal Revista Globo Rural