Em Santa Maria, Bolsonaro reforça ideia de aproximação com EUA por participação na Otan


Mandatário da nação participou da Festa Nacional da ArtilhariaJefferson Botega / Agência RBS

Na primeira visita oficial ao Estado, o presidente Jair Bolsonaro participou neste sábado da Festa Nacional da Artilharia, em Santa Maria, onde teve recepção calorosa e voltou a citar a aproximação do Brasil com os Estados Unidos. O presidente não deu detalhes da aliança com os Estados Unidos, mas em pronunciamento ao final do evento disse que estava colhendo os primeiros resultados do encontro com o presidente norte-americano Donald Trump em março, na Casa Branca.

 – Com muito orgulho, anuncio que há pouco colhemos um dos frutos da nossa viagem aos Estados Unidos ao ser aceito pelo presidente Donald Trump como grande aliado militar extra-Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), possibilidade que nos permite melhor equiparmos e nos inteirarmos mais, interagirmos mais com o mercado de defesa. Investir nas Forças Armadas é mais do que se possa pensar. É garantir a nossa paz e a nossa tranquilidade.

A medida amplia a parceria militar do Brasil, que entra em um rol de países como Israel, Austrália e Argentina.

Bolsonaro chegou ao 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (3º GAC), o Regimento Mallet, por volta das 19h10min deste sábado. Ele estava acompanhado do vice-presidente, Hamilton Mourão, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de ministros e comandantes militares. Foi a primeira vez que um presidente participou do evento.

– Melhor é ser brasileiro. Melhor ainda é ser gaúcho. Cadê meu chimarrão? – descontraiu ao falar ao público formado por militares e convidados.

Bolsonaro foi recebido com festa por uma multidão na Base Aérea, onde ganhou presentes de aliados do PSL e desceu do carro oficial para se aproximar dos populares. Saudado aos gritos de “mito”, deu seis tapas em um boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário que foi alcançado por um simpatizante. Ao final, ainda desferiu um último golpe, jogando longe o brinquedo antes de voltar para o veículo e seguir em carreata até o 3º GAC. Durante o percurso de 15 quilômetros, passou por diversas concentrações de apoiadores, parando para cumprimentar as pessoas reunidos nas esquinas.

Em frente ao quartel, ele desceu do carro mais uma vez diante de dezenas de pessoas que aguardavam sua chegada desde o início da tarde. O local estava isolado pelos militares, que organizaram um intenso esquema de segurança para a visita, com cerca de 1,2 mil homens.

– Além das Forças Armadas, defendo o armamento do nosso povo para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta – afirmou o presidente, arrancando aplausos efusivos.

Durante a cerimonia, o presidente deixou a tribuna de honra e marchou diante das autoridades com artilheiros da ativa e da reserva. Ovacionado pelo público, voltou a quebrar o protocolo e posou para inúmeras fotos com os convidados no meio da pista do 3º GAC.

Bolsonaro venceu as eleições em Santa Maria com 61%. Havia uma preocupação na cidade em receber bem o presidente, sobretudo após a lembrança de que ele havia sido considerado persona non grata no município em 1993, por dar entrevista na cidade defendendo o fechamento do Congresso e a volta da ditadura militar.

Na quinta-feira (13), a Câmara de Vereadores tentou desfazer o mal estar aprovando moção de apoio ao presidente.

Com 9,3 mil homens e 21 quarteis, Santa Maria abriga o segundo maior contingente militar do país. Por ano, as Forças Armadas fazem circular no município um volume de recursos estimado em R$ 670 milhões entre salários, suprimentos e serviços.

Durante a visita, ele assistiu à encenação da trajetória militar do marechal Emílio Mallet, patrono da Artilharia. O espetáculo envolveu 180 militares, dezenas de cavalos e obuses na montagem de batalhas como os conflitos da Guerra do Paraguai.