
Em média, 40% das notificações de mortes encefálicas não são aproveitadas para transplantes no Estado, por negativa de autorização familiar. Somente 30% das notificações se concretizam em doações de órgãos. Neste Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, criado para conscientizar a sociedade sobre a importância de doar e para estimular a conversa sobre o tema entre familiares e amigos, a fila de pessoas aptas para receber órgãos alcança 2.544 pessoas no RS. Elas esperam por um coração, córnea, fígado, pulmão, rim ou pâncreas – sendo que algumas necessitam de uma combinação de dois órgãos, como pâncreas e rim; fígado e rim; e pulmão e fígado.
Uma cerimônia no Palácio Piratini, às 11h desta terça (27/9), vai homenagear profissionais, equipes de trabalho e entidades no Rio Grande do Sul que atuam nesse segmento, valorizando o trabalho das pessoas que acolhem e apoiam as famílias dos doadores e dos receptores de órgão. Participam o governador Ranolfo Vieira Júnior, a primeira-dama do Estado, Sônia Vieira, e a secretária da Saúde, Arita Bergmann.
De acordo com a legislação brasileira, a liberação da retirada dos órgãos para o transplante depende da autorização da família, cônjuges ou seja familiares em primeiro grau. A autorização dos demais graus de parentesco somente é aceita na inexistência do primeiro grau, e com justificativa para isso, ou em último caso, por decisão judicial.
Segundo o coordenador adjunto da Central Estadual de Transplantes, Rogério Caruso, a legislação brasileira é uma das mais avançadas em relação a transplantes, funcionando de forma ágil nos grandes centros. “A maior dificuldade está nas localidades mais distantes, com estrutura de saúde mais precária e carente de treinamento”, diz.
O processo padrão para realização de um transplante no Estado envolve quatro setores. O primeiro é o Sistema Nacional de Transplantes (nível federal), que articula, coordena e supervisiona toda a política de transplantes no país. Em cada Estado, existe um representante governamental vinculado a esse sistema, as centrais estaduais de transplantes, que devem ordenar juridicamente, credenciar, auxiliar, manter as equipes de captação de órgãos e as equipes de implantes de órgãos – abarcando todo o processo de regulamentação no Estado. Além de realizar toda a logística para o transporte dos órgãos, por via aérea ou terrestre.
As notificações de mortes encefálicas chegam até as centrais estaduais de transplantes, que dão prosseguimento ao processo. Para dar apoio às centrais, estão instauradas comissões, denominadas de Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), que, por meio de notificações da Central Estadual, são informadas de possíveis mortes encefálicas. A partir desse ponto, dialogam com os familiares. No RS, há cerca de 80 dessas comissões, a maioria nos grandes hospitais.
As CIHDOTTs são coordenadas e supervisionadas pela Organização de Procura de Órgãos (OPO), que facilita o trabalho desenvolvido fornecendo todo o apoio para a realização de um ágil diagnóstico. Sete OPOs estão em operação no Estado, sendo uma apenas cirúrgica.
Quais órgãos podem ser doados
e quem poderá se tornar doador
Os principais órgãos transplantados são rim, fígado, pulmão, coração e pâncreas. Além dos órgãos, é possível doar tecidos, como córnea, esclera, osso, pele e válvula. Outra possibilidade de doação é a de medula óssea.
Para a doação de alguns órgãos, não é necessário o diagnóstico de morte encefálica. Pessoas ainda em vida, com as funções do encéfalo saudáveis, podem doar um dos seus rins, parte do fígado, parte do pulmão e parte da medula óssea. Pessoas que morrem em virtude de parada cardiorrespiratória, podem doar apenas tecidos para o transplante.
Como se tornar um
doador de órgãos
A principal maneira para registrar a vontade para se tornar um possível doador de órgãos é a partir de conversas com amigos e familiares manifestando essa intenção. Outro caminho é se cadastrar no site do projeto Doar é Legal. Para isso, basta informar nome, CPF e já é possível gerar a certidão.
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