Bênção e dedicação do altar marcam reabertura da Catedral de Cruz Alta


Com muita alegria, a Diocese de Cruz Alta, após quase três anos em obras de revitalização, reinaugura sua Catedral. Será no dia 13 de dezembro, com celebração de bênção e dedicação do altar, presidida por Dom Adelar Baruffi.

Em função da pandemia, a participação será restrita, até 150 pessoas, mediante confirmação antecipada. Após, a igreja permanecerá abertura para as celebrações e visitação, mediante distanciamento social e todos os devidos cuidados necessários em tempo de pandemia.

De acordo com o Bispo Diocesano, Dom Adelar Baruffi, este é um momento muito importante para toda nossa Diocese, pois é o sonho de tantas pessoas, que se realiza. A nossa Catedral é de todos os diocesanos, pois é a Igreja mãe de nossa Diocese. “Ficamos felizes ao ver que esta Catedral é, de fato, uma obra pública. Nossa gratidão a todos. Sejam todos bem-vindos”.

As obras da parte interna da Igreja iniciaram em 13 de agosto de 2018, com projeto apresentado ao público em 23 de março de 2018, e já estão finalizadas. Agora, estão em andamento as obras da parte externa.

A campanha colaborativa em prol da revitalização continua, pois a obra está sendo paga de forma parcelada e este parcelamento segue até novembro de 2021, com um valor mensal de R$ 47.000,00.

O sentido da Catedral Diocesana

A igreja Catedral é a Igreja mãe de uma Diocese. Ela é, ao mesmo tempo, a igreja matriz da Paróquia Divino Espírito Santo e Catedral Diocesana. Ela chama-se Catedral pelo fato que nela está a “cátedra”, isto é, a cadeira usada pelo bispo diocesano na sua missão pastoral na Diocese. A cátedra é o sinal visível daquele que, como sucessor dos apóstolos, preside a Igreja Diocesana. Nela se celebra a grande novena preparatória à Romaria anual ao Santuário Diocesano Nossa Senhora da Fátima. É, também, local de celebração de festividades comemorativas de ocasiões especiais, como jubileus sacerdotais, episcopais e da Diocese. Nela, também, são sepultados os bispos diocesanos. Por isso, a Catedral diz respeito a toda a Diocese, como um centro para onde converge e de onde parte a vida de nossa Diocese. Já dizia Santo Inácio de Antioquia: um só altar, uma só eucaristia, um só bispo, com seus presbíteros e diáconos (cf. Da Carta aos filadélfios).

A revitalização da Catedral

A Catedral Divino Espírito Santo foi inaugurada no ano de 1945. Após muitos anos e o desgaste natural do tempo, urgiu uma ampla revitalização, sobretudo dos espaços internos. Nos últimos anos, a Paróquia Divino Espírito Santo realizou melhorias, como a troca do telhado. O projeto foi elaborado pelo arquiteto e artista sacro Cristtiano Fabris e a obra foi executada pela empresa Zanon Construções, que há muitos anos atua exclusivamente nesta área. Ambos são de Guaporé – RS. Tudo foi pensado para ser liturgicamente adequado às necessidades das celebrações previstas numa catedral diocesana, conforme as orientações da liturgia da Igreja.

A revitalização interna

Antes da reforma

A situação que se encontrava a Catedral exigiu uma obra de fôlego. Foi preciso retirar todo o interior: teto, reboco e piso. A Catedral foi praticamente refeita. Após isso, foi construído o forro com estuque, e o presbitério. Recebeu também nova iluminação, novo som, novo piso todo de granito, novas pintura interna, incluindo uma pintura marmorizada das colunas; a cripta para sepultamento dos bispos, um grande vitral do Divino Espírito Santo localizado no forro sobre o altar, restauração de todos os vitrais e pintura das imagens sacras nas paredes.

O forro em estuque

A confecção do forro foi realizada em estuque. Esta técnica é usada nas igrejas há séculos e trata-se de um concreto magro feito de uma mistura de cimento, areia e feno.  Sua arquitetura lembra a forma de alvéolos de uma colmeia. Santo Ambrósio compara a Igreja a uma colmeia quando diz “é similarmente o símbolo de uma comunidade piedosa e unificada”. O cristão, então, é comparado a uma abelha, trabalhando para o bem comum da colmeia à qual ele dedica seu trabalho e vida.

A pia batismal

                Essa peça histórica da Paróquia foi doada pelo Coronel Manuel Lucas Annes, falecido em 16 de fevereiro de 1889. É quase toda esculpida em mármore, com exceção do seu pé. Está localizada na entrada à direita da Catedral, pois simboliza a purificação dos neófitos que antes de serem batizados adentram na Catedral impuros e ao passarem por ela são acolhidos na vida cristã. Ela é o sinal que a comunidade é dos batizados. Os que se apresentam para receber o batismo entram pela “porta da fé”.

O corredor e simbologia dos Apóstolos

O caminho para Cristo será sempre sob o testemunho dos que nos precederam, sobretudo dos Apóstolos. Ao longo do corredor, que conduz aqueles que entram pela porta central até o presbitério, há doze pedras em forma de cruz que trazem símbolos que representam cada um dos doze escolhidos por Cristo. Esse caminho representa a vida cristã e a conduta que os cristãos devem percorrer para atingir a vida eterna. Os cristãos são representados pelas cruzes menores e o cominho é ladeado por duas fileiras de granito preto, que simboliza nossas vidas conduzidas dentro das regras e disciplina cristã. Os 12 Apóstolos estão simbolizados nele.

– São Pedro: São Pedro é representado pelas tradicionais chaves cruzadas e também pela cruz invertida onde sofreu seu martírio.

– Santo André: Seu escudo apresenta três símbolos que tradicionalmente são alegados ao apóstolo André: a cruz em forma de “X”, que é o símbolo de seu martírio; a âncora e os peixes, que simbolizam sua profissão inicial e seu ministério como “pescador de homens”.

– São João: Tido também como autor do evangelho homônimo e do livro do Apocalipse, é representado pela águia sobre um livro que representa o evangelho escrito por ele.

– São Tiago: Mais conhecido como Santiago de Compostela, este apóstolo é representado por três conchas de vieiras, que é um sinal de sua peregrinação pelo mar e também identifica aqueles que fazem a peregrinação a pé até Compostela na Espanha, local onde estão sepultadas suas relíquias em sua homônima catedral. Outro símbolo presente no escudo é a cruz de Santiago que simboliza, em certo sentido, que o apóstolo toma a espada em nome de Cristo.

– São Filipe: Seu escudo apresenta uma cruz e três pães. A cruz é símbolo de seu martírio e os pães trazem referência a sua presença junto a Cristo quando do milagre da multiplicação dos pães.

– São Bartolomeu: Seu escudo apresenta uma faca de esfolar, símbolo de seu martírio, sobre um livro aberto, que representa o evangelho. O martírio de Bartolomeu se deu após a conversão do rei da Armênia e que por causa disso irritou seu irmão que o encaminhou para o martírio.

– São Mateus: O escudo deste santo apresenta um rolo de escritura já que ele é um dos evangelistas e três sacos de dinheiro em alusão à sua antiga profissão de cobrador de impostos.

– São Tomé: São Tomé é representado pela lança, instrumento que foi martirizado pelos hindus e pelo esquadro com o qual edificou muitos templos em sua jornada de evangelização.

– São Tiago Menor, filho de Alfeu: Embora seu nome leve o adjetivo de “Menor”, isso apenas foi instituído para não confundi-lo com seu homônimo São Tiago, que embora tivesse o mesmo nome, não eram parentes. São Tiago Menor foi o primeiro bispo de Jerusalém e possui em seu escudo uma coluna, pois é considerado um dos pilares da igreja devido a sua importância e possui também um bastão sobre essa coluna, pois representa o elemento pelo qual foi martirizado.

– São Simão: O Escudo de Matias apresenta um peixe sobre uma bíblia, o que representa que antes de atender o chamado de Cristo ele fora pescador e abandonou sua profissão pra se tornar apóstolo. Atrás desses dois elementos está uma serra manual, símbolo de seu martírio.

– São Judas Tadeu: Entre os símbolos que são atribuídos à figura de São Judas Tadeu aqui ele é representado por um veleiro, pois representa suas viagens ultramarinas para evangelizar.

– São Matias: O escudo de São Matias trás um machado sobre um livro aberto. Acredita-se que ele fora decapitado por evangelizar na Judéia.

A cátedra

               Local que marca a existência de uma Diocese, com seu bispo próprio. Traz a marca do brasão episcopal. Local desde onde o bispo diocesano preside e celebra.

Altar e mesa da Palavra

São os elementos centrais da Catedral. Tudo converge para a Eucaristia e parte dela para a vida. A Palavra, que sempre é proclamada, leva à Eucaristia. Ao entrarmos na Catedral, nosso olhar primeiro deve ir para o altar de Cristo. Eles foram confeccionados em pedra granito em alusão aquilo que disse o apóstolo Pedro quando descreveu Jesus como uma pedra viva.

O sacrário

Na Igreja Catedral, o local em que é guardado o Santíssimo Sacramento é especial. Nele se preserva o antigo altar mor que pertenceu à antiga Catedral, agora restaurado, com suas imagens e o sacrário. Local para recolhimento e oração pessoal.

As imagens

A imagens foram todas restauradas. A restauração foi realizada pela família de Juliane Bronzatti Carraro, natural de Cruz Alta e residente em Bento Gonçalves. No altar principal encontramos o Sagrado Coração de Jesus, Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo. Em frente, nas paredes laterais, as imagens de Nossa Senhora Aparecida e São José. Nossa Senhora Aparecida está aí porque no ano dos 300 anos de sua devoção em São Paulo, cada Diocese recebeu uma imagem. Esta, também, passou por todas as comunidades da Diocese.

O vitral do Divino Espírito Santo

O Divino Espírito Santo é o padroeiro da Catedral e da Diocese. Ele está representado, especialmente, no vitral que fica na parte superior do altar. Nele, o símbolo da pomba e os sete sacramentos que brotam da sua ação na Igreja.

A pintura Central

A pintura realizada com tinta acrílica cobre a parede de alvenaria localizada no presbitério da Catedral Divino Espírito Santo, de Cruz Alta. Possui 5,22 de largura por 8,50 metros de altura, totalizando uma superfície de 37,50 metros quadrados e nela está retratado o principal mural sacro da Catedral, intitulado de “Cristo Pantocrator”.

O Cristo retratado no centro superior do painel é representado como o Pantocrator, figura antiga muito utilizada dentro da iconografia oriental e que significa o “todo poderoso” ou “onipotente”. Também significa “oniregente”, aquele que tudo rege. Ele está sentado sobre um arco-íris dourado, símbolo da aliança de Deus com o Homem após o dilúvio e que também significa “um caminho” dos homens com Deus. O Pantocrator é o símbolo que representa a reconciliação operada com o Pai na Nova Aliança.

Já a primeira esfera cósmica, ao centro, é em cor azul quase negra e simboliza a morte que circunda a terra que é representada pela segunda esfera de cor azul e a terceira e quarta esferas são celestes e representam o céu, por isso também as estrelas nelas retratadas. No centro, a figura de Cristo destrói o círculo da morte e une o céu com a terra.

Sua mão esquerda sustenta o livro da vida aberto no livro de João 10,10 que diz: “Eu vim para que todos tenham vida”. Já a sua mão direita faz o gesto de benção que é muito tradicional na iconografia da igreja oriental. Os dedos posicionados naquela maneira formam um monograma em torno do nome de Cristo “IC” e “XC”, além de simbolizar sua dupla natureza, divina e humana. Dessa forma, o ícone transmite o dogma cristológico destas duas naturezas, unidas na única pessoa do verbo: filho de Deus e Deus, ele próprio, consubstancial ao Pai. Mas seu gesto, além de nos abençoar, aponta para o alto, para a Jerusalém Celeste.

As cores de sua vestimenta também possuem um significado. Na iconografia, a cor azul representa a transcendência, o mistério e o divino. É a cor do céu e por isso é vista como uma cor celestial. Já a cor vermelha é vista como uma cor terrestre, a cor do sangue. Cristo, aqui é retratado, usando uma túnica vermelha e envolto por um manto azul, simboliza a divindade que envolve a sua humanidade.

A mão que representa Deus Pai é uma de suas mais antigas representações.  A palavra hebreia “iad” significa “mão” e “poder”; em estilo bíblico, “Mão de Deus” é sinônimo de poder divino. A mão da justiça, que os reis têm como insígnia de sabedoria, com o globo e o cetro, é uma sobrevivência desta antiga tradição. A mão retratada é sempre a destra, que por ser a mais forte tem proeminência.

Abaixo dos Tetramorfos encontramos os doze apóstolos em torno de Maria. Todos eles, com exceção da Virgem, estão vestidos de branco. É a cor de quem está penetrado pela luz de Deus: os anjos sentados no túmulo; os anjos da Ascensão. O branco é a cor da inocência porque, para todos aqueles que se converterem, Deus promete que os seus pecados tornarão brancos como a neve (Is 1,10). Portanto não é de se admirar que o branco exprima a alegria das grandes festas litúrgicas.

Painéis Laterais

Nas laterais do painel central encontram-se dois painéis menores: “A Anunciação à Virgem” e o “Sonho de São José”. Em ambas as cenas há em comum a visita do anjo Gabriel a Maria e a José e possuem relação ao Espírito Santo e que, juntos com Cristo, retratado no painel central, completam a Sagrada Família. A presença do Espírito Santo está representada pelo raio que desce em ambas as cenas sobre os santos. Não foram retratadas as figuras tradicionais das pombas, pois estas já estão representadas no vitral logo acima.

A visita do anjo a Maria

O Arcanjo Gabriel visita Maria, lhe propondo para ser a mãe do filho de Deus. Ela responde, “eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo tua Palavra” (Lc 1,38).

O sonho de São José

José, prometido em casamento a Maria, não compreende o que estava acontecendo com Maria. Recebe a visita do Arcanjo Gabriel, que o convida a acolher aquela que seria a mãe do Filho de Deus. “José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo” (Mt 1,20).

Os confessionários

Dois confessionários foram reformulados para termos um espaço privativo para atendimento às confissões.

O Cristo Crucificado

               Talvez a peça histórica mais importante da Catedral. Uma cruz, com o Crucificado, muito significativa por três motivos. A primeira é por causa de seu lugar, na cidade de Cruz Alta. Segundo, pelo seu lugar na celebração da fé católica, daquele que dá sua vida para nos salvar. Terceiro, pela sua historicidade.

A escultura do pelicano

Obra desenhada também por Fabris e esculpida por Sérgio Santin, é o símbolo mais eminente da eucaristia na Igreja. A mãe, ao ver seus filhos com fome, pica o peito, deixando cair sangue para alimentar os filhotes. Assim, é o sentido da eucaristia.

Os vitrais

Belíssimos vitrais emolduram a nossa Catedral. Foram completamente restaurados havendo a substituição completa do chumbo, limpeza dos vidros e reposição daqueles que estavam incompletos ou quebrados. Foram produzidos pela famosa Casa Genta, que era a principal fabricante de vitrais do sul do Brasil no século XX.

A cripta

               Na entrada da Catedral, à esquerda está localizada a cripta destinada para guardar os restos mortais dos bispos diocesanos, conforme estabelece o Código de Direito Canônico. Até hoje, o único bispo falecido foi Dom Frederico Heimler, SVD, falecido aos 07 de novembro de 2018, e sepultado na casa dos padres salesianos de Campo Grande – MS

Os brasões do Papa Francisco e da Diocese de Cruz Alta

Foram desenhados os brasões do Papa Francisco, ala esquerda da Catedral, e da Diocese de Cruz Alta, ala direita da Catedral. Ambos estão pintados sobre os vitrais das janelas das absides.

 

Revitalização externa da catedral

Iniciaram no dia 28 de setembro as obras de revitalização externa da Catedral Divino Espirito Santo, de Cruz Alta/RS. Orçada em R$ 800.000,00, a parte externa da catedral terá removida totalmente as partes onde tem reboco e corrigido as infiltrações de umidade para a parte interna.

Serão colocados novamente o reboco e a nova pintura. Com esse valor está programada a colocação de pedras basálticas na calçada da igreja e na extensão entre o salão e a própria igreja. Incluindo três salas de catequese com o piso remodelado, isto é, lixado e pintado novamente.

O tempo de trabalho estima-se entre três a cinco meses, de acordo com as possibilidades climáticas. Os recursos estão sendo oriundos de doações dos fiéis através de uma ação entre amigos, carnês mensais e doações espontâneas, sendo todas computadas junto à contabilidade da Revitalização da Catedral, numa conta específica para a obra de revitalização. Aos que queiram colaborar poderão procurar a secretaria paroquial ou a Comissão de Revitalização para participarem como benfeitores dessa importante obra realizada pela Construtora Zanon, de Guaporé/RS.

A mesma empresa realizou a revitalização interna da catedral, cujo orçamento será pago até novembro de 2021. Sendo essa, uma obra histórica que perpetua pra posteridade da Diocese de Cruz Alta. Dentro da revitalização global da igreja catedral contemplam-se uma ampla reforma e restauros. Os fiéis poderão conferir de perto assim que passar essa pandemia e podermos inaugurar e abençoar o novo altar e os ambientes reconduzidos dentro da catedral.

Portanto, nossa gratidão aos benfeitores da revitalização da nossa Catedral. Continuem colaborando e rezando pela realização dessa importante obra. Para participar, basta entrar em contato pelo fone: (55) 3322-1258, no horário de expediente, e fazer parte dessa história como igreja diocesana. Que o Espirito Santo ilumine todas as famílias e que Deus nos abençoe sempre no caminho da fé!

Fonte e fotos Por: Assessoria de Comunicação da Diocese de Cruz Alta (Reprodução)